quinta-feira, 19 de julho de 2012

AVÔ, PRIMEIRA PESSOA DO SINGULAR VERBO SER



Pai e mãe são ótimos, mas têm mais o que fazer. Mesmo avó não dispõe de muito tempo para conversa, ocupada em fazer doce, consertar roupa velha e dar conselho. Bom é avô.
Vida cumprida, avô pode inventar moda, como o velho Jáder fazia, me levando, em lombo de burro, para buscar
água na cacimba, a não sei quantas léguas de casa, dia ainda escuro. Mostrar ao neto o raiar do sol é a primeira
mágica de um bom avô. E ir à padaria, na volta, comprar pão quentinho, levar para casa, passar manteiga, encher um
copo de café com leite e dizer: "Bebe".
O Jáder contava histórias, falava palavrão não muito forte, dava mau exemplo, fumando e depois mascando o
que sobrava do cigarro, e chamava atenção para as moças que passavam pela praça: "Olha, olha essa!"
Dono da mais sofrida da pobreza, a que sobrevém a uma vida de fartura, o Vovô nunca reclamou de nada.
Passava o dia em uma oficina improvisada no quintal de nossa casa, roendo saudade e mexendo nuns tais de "rádio
galena", que não usavam eletricidade (nem pilha), mas funcionavam. Parece que é uma pedra capaz de captar ondas
sonoras, que ele amplificava, com conhecimento técnico e com o pensamento nos pobres, para os quais vendia a
geringonça, a preço simbólico e com a vantagem de não aumentar a conta de luz.
Era para os pobres, também, que ele catava rodas, selins, pedais e guidons abandonados nas ruas. Durante o
ano inteiro, ia montando novas bicicletas, velocípedes e patinetes, que levava para as comunidades carentes, no Natal.
E me levava junto, para as primeiras noções de solidariedade e amor ao próximo.
Estou contando isso porque tenho três netas e estou fazendo 60 anos. Acho que quis me dar um presente. Ou
um futuro. É.
TEXTO DE CARLOS ALBERTO CASTELO BRANCO
DO SITE DO MARCELLINO

REDEMOCRATIZAÇÃO, ESCOLA E ENSINO DA LÍNGUA

Li o texto do João Drummond narrando a história de um professor catedrático que,numa viagem de ônibus, se irritava com a conversa de dois matutos, por causa do linguajar dos mesmos. Sobre a história, e a partir da mesma ,desejo fazer alguma considerações.
Em 1970, na UFMG,o meu professor de Português, Luis Carlos Alves, escreveu um livro com o título, GRAMÁTICA NUNCA MAIS, em que propunha o ensino da Língua sem a decoreba da Gramática, e sim através da produção de textos. Adorei, especialmente porque quando frequentava os antigos cursos ,ginasial e normal, as aulas de português se resumiam em análises sintáticas,especificamente, de "Os Lusíadas", primoroso poema épico de Camões. Em casa escrevia poemas adolescentes, na escola nada.

Ainda na Faculdade de Educação, aprendi com a inesquecível mestra Magda Soares que não se aprende a escrever corretamente fazendo exercícios isolados de aplicação da gramática.

Como futuros professores de Português, Comunicaçao e Expressão ou Língua Portuguesa ( como quiserem) deveríamos nos empenhar em levar nossos alunos a escrever diversos tipos de diferentes textos. Ao revisar os textos juntamente com os alunos,nos orientaríamos

Isso me fazia lembrar da época em que eu era obrigada a estudar ênclises, próclises e mesóclises de verbos que eu nunca usaria e nem sabia o significado. para o professor se colocar diante de mim como o Diretor do Ateneu, de Raul Pompéia, que a cidade respeitava e admirava porque não entendia nada do que ele dizia.


Os Velhos

Todos nasceram velhos — desconfio.
Em casas mais velhas que a velhice,
em ruas que existiram sempre — sempre
assim como estão hoje
e não deixarão nunca de estar:
soturnas e paradas e indeléveis
mesmo no desmoronar do Juízo Final.
Os mais velhos têm 100, 200 anos
e lá se perde a conta.
Os mais novos dos novos,
não menos de 50 — enorm'idade.
Nenhum olha para mim.
A velhice o proíbe. Quem autorizou
existirem meninos neste largo municipal?
Quem infrigiu a lei da eternidade
que não permite recomeçar a vida?
Ignoram-me. Não sou. Tenho vontade
de ser também um velho desde sempre.
Assim conversarão
comigo sobre coisas
seladas em cofre de subentendidos
a conversa infindável de monossílabos, resmungos,
tosse conclusiva.
Nem me vêem passar. Não me dão confiança.
Confiança! Confiança!
Dádiva impensável
nos semblantes fechados,
nos felpudos redingotes,
nos chapéus autoritários,
nas barbas de milénios.
Sigo, seco e só, atravessando
a floresta de velhos.

Carlos Drummond de Andrade, in 'Boitempo'

quarta-feira, 4 de julho de 2012

SE NAMORADA...


Leio Saramago como se namorada fosse
Concluo e conclamo a morte como um bálsamo

Memórial do Convento e um plano vôo de  Blimunda

A dor dos que são calados pelo vento.
Viver é morrer lentamente em vão...

No desvão da memória vivamos de palavras.
Até que a vida nos separe para sempre.

Inferno de Dante.

segunda-feira, 7 de maio de 2012

ANIVERSARIO EM QUIXADÁ



As paredes frias tateavam o chão
O silêncio mudo me olhava sorrateiro
A tarde se esvaía na modorra
A chuva não vinha
Imóvel, calada no tempo
Formigas iam e vinham na fresta do cimento
Eu nada sabia do castigo
Quatros anos de MENINA
Passavam...

sexta-feira, 4 de maio de 2012

INTERLÚDIO




Quando  sair de cena
Sairei de lado
Devagar como entrei
Inútil
Sem pais
Sem país
Sem vida
Sem histórias pra contar
Sairei ao vento
pela cortina rota e suja

que entrei.

segunda-feira, 2 de abril de 2012

VOU BRINCAR DE ESCRITORA

Vou brincar de escritora
sair da letargia
do medo de escrever meu segredo

vou brincar de escritora
invocar meus saramagos
drummond e´sagrado

estatua na praia
no mar de ipanema

vou brincar de escritora

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Belo Horizonte, Minas Gerais, Brazil
Amanda é espelho que se move em dois sentidos rompe...se rompe...aqui e acolá em busca de Outro... Wanda é, o nome